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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


MARANHÃO SOBRINHO

(1879-1915)

Fundador com Antonio Lobo, I. Xavier de Carvalho e Corrêa de Araújo, entre outros, do movimento de renovação literária denominado Os Novos Atenienses, que em fins do século XIX e início do século XX sacudiu o meio intelectual de São Luís com idéias e conceitos vanguardistas, Maranhão Sobrinho foi o mais singular poeta de sua geração.

Boêmio, por vezes até mesmo desbragadamente ébrio, José Américo Augusto Olimpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho* nasceu em Barra do Corda, interior do Estado, em 25 de dezembro de 1879, e morreu ainda jovem, em Manaus, no mesmo dia em que completava 36 anos. Nesse breve espaço de tempo, encarnou como poucos a figura trágica do poeta dominado por suas angústias existenciais - viveu rápido e intensamente: suas dores, reais ou imaginadas, lançaram-no na sôfrega busca pelo prazer e no caminho da autodestruição.

Mas se ele era essa espécie de romântico trágico na vida pessoal, sua poesia está em outro patamar. Simbolista ortodoxo, foi um visionário capaz de construir imagens perturbadoras em versos admiravelmente bem urdidos, sensualmente mórbidos, onde por trás de cada palavra flutua, não muito distante, a imensa sombra de um amargo pessimismo com o mundo e com as pessoas.

Sem dispor de recursos financeiros, publicou seus trabalhos com grande dificuldade. Foram ao todo três livros editados de modo bastante precário, com circulação restrita à província. Além disso, apenas colaborações esparsas, ainda que numerosas, em revistas e jornais de São Luís. Muito embora sua obra ainda não tenha sido objeto de um estudo mais aprofundado, a crítica nela destaca uma bem assimilada influência de Baudelaire e Verlaine, considerando-o ao mesmo tempo um dos luminares do movimento simbolista no Brasil - quase no mesmo nível ocupado por Cruz e Souza e Alfonsus Guimaraes, expoentes máximos da escola.

De qualquer sorte, coube a Maranhão Sobrinho ser um poeta representativo do período de transição da literatura maranhense - teve o talento amplamente reconhecido, tanto pelo público quanto por seus pares, foi um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras, mas sofreu estilisticamente na difícil tarefa de buscar uma síntese convincente entre o Romantismo ainda em voga, o Parnasianismo e o Simbolismo. Reflexos dessa luta estéril são visíveis em seus poemas. Houvesse vivido mais alguns anos, talvez sua obra conseguisse escapar dessa armadilha literária, atingindo novas e inesperadas dimensões.

Ainda assim, figura em destaque no Panteon dos poetas maranhenses de todos os tempos.


Poesia

    * 1908 - Papéis Velhos… Roídos pela Traça do Símbolo
    * 1909 - Estatuetas
    * 1911 - Vitórias-Régias

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"