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O que faço melhor é contemplar
e contemplo mal — o cristal dos meus olhos
está cansado e o sopro matinal
que tanto prazer me deu
desprende-se já do corpo
que julguei meu. Pouco a pouco,
contemplando as árvores e os seus frutos,
as aves e as suas plumas,
aprendi que não há
regresso. Ouço, palpo, não espero
nada. As nuvens navegam
brancas nos rios; as águas alimentam
fauna e flora; o gato,
caçador sentado,
assiste ao encontro adiado
das águas e da sede.
O que faço melhor é contemplar
o paraíso que vai nascendo.
Casimiro de Brito
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