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terça-feira, 9 de novembro de 2010

A epidemia



A fome come a doçura do olho
e esfalfa o resto, da testa ao queixo;
deixa tantos sinais de desgosto,
torna todos os rostos iguais.

Tão violento é o crescimento dos famintos
indo e vindo nos labirintos tóxicos
que sinto medo de ser o próximo:
já não reconheço ninguém.


Jorge Emil
De 'Pequeno arsenal' (2004)

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"