
Alto, onde a poeira quase não alcança,
Ei-la tecendo a sua frágil teia;
Passa e repassa em torno e não se cansa,
Não se detém, não erra, não tonteia.
Por isso também eis que, sem tardança,
Pronta, a urdidura esplendida pompéia;
E é quando a aranha rutila descansa
No esplendor de seda que a rodeia.
O sol voluptuoso e ardente incide
Na trama, em cujo centro o aracnide
Como um fulvo topázio resplandece.
E eu penso que é filósofa esta aranha,
E, trânsfuga do mundo, se emaranha
No sonho sutilíssimo que tece.
21 de janeiro de 1918
Cecília Meirelesc
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