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segunda-feira, 1 de novembro de 2010



Alto, onde a poeira quase não alcança,
Ei-la tecendo a sua frágil teia;
Passa e repassa em torno e não se cansa,
Não se detém, não erra, não tonteia.

Por isso também eis que, sem tardança,
Pronta, a urdidura esplendida pompéia;
E é quando a aranha rutila descansa
No esplendor de seda que a rodeia.

O sol voluptuoso e ardente incide
Na trama, em cujo centro o aracnide
Como um fulvo topázio resplandece.


E eu penso que é filósofa esta aranha,
E, trânsfuga do mundo, se emaranha
No sonho sutilíssimo que tece.

21 de janeiro de 1918



Cecília Meirelesc

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"