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terça-feira, 26 de outubro de 2010

A FÁBULA DO POETA


O relógio ficou parado no ar!
Pisam o sono. Quem quer vê-lo? É o vento
que entra descalço, vem para apagar
a impressão digital do sofrimento.


Tão branco assim, ele concentra todo
frio da noite em cada cartilagem;
não! dêem-lhe um banho de manhãs e iodo
para que possa continuar a viagem.


De que ele agora é livre, ó Dor, convence-o!
não sente mais o peso do Infinito,
é todo som e pensamento – voando.


Seu corpo nu, molhado de silêncio,
deixou impresso na parede o grito;
a cabeça há de estar (no céu) cantando.


Colombo de Sousa
In: Estágio 1960
c

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"