SONETO
Era preciso que um de nós partisse,
pois nosso amor perdeu o encanto, a graça;
talvez, se morto está, nunca renasça,
nem nunca mais te diga o que te disse.
Ébrios de amor, esgotamos a taça,
sem crer que tanto amor se consumisse.
E como, enfim, mais nada nos unisse,
desmanchou-se o castelo de fumaça.
Depois o adeus – tão rápido, indeciso –
deu-me a impressão de termos sido expulsos
do encantado jardim do Paraíso. . .
Foste, eu fiquei. E aqui, ainda desejo
aos grilhões desse amor prender meus pulsos,
beijar de novo teu primeiro beijo.
Colombo de Sousa
In: Estágio 1964
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