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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Orfeu




Nenhuma estrela havia, em seu olhar.
Um silêncio noturno mal rondava
O muro esmuguecido do pomar,
Cujo fruto sua alma alimentava.

À noite era, porém, linda e presente,
Coberta a lua por escura fronha,
Era a noite do tempo inexistente,
A noite, que consola o mal, que sonha.

Mesmo assim cobrava-se de morte.
Um olhar negro é duplo e, se empoçado
Em funda sensação, encerra a sorte
De um outro olhar no olhar cio próprio fado.

Nenhuma estrela havia. Havia Orfeu,
Lembrando-se da amada que morreu.


Ives Gandra

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"