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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

BEIJOS DO CÉU


BEIJOS DO CÉU

Sonhei-te assim, ó minha amante, um dia:
— Vi-te no céu; e, anamoradamente,
De beijos, a falange resplendente
Dos serafins, teu corpo inteiro ungia...

Santos e anjos beijavam-te... Eu bem via
Beijavam todos o teu lábio ardente;
E, beijando-te, o próprio Onipotente,
O próprio Deus nos braços te cingia!

Nisto, o ciúme — fera que eu não domo —
Despertou-me do sonho, repentino
Vi-te a dormir tão plácida a meu lado...

E beijei-te também, beijei-te... e, ai! como
Achei doce o teu lábio purpurino.
Tantas vezes assim no céu beijado!

Raimundo Correia

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"