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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MADRIGAL


MADRIGAL

O loiro Júlio um passarinho caça,
E a doce Estela vem-lhe ao pensamento:
"Vou dá-lo à Estela, diz com brando acento,
À Estela cheia de candura e graça".

Põe-no sob o chapéu (que em tal momento
Lhe falta uma gaiola), e, enquanto passa
A catar algum vime com que faça
A gaiola, estas frases solta ao vento:

"Em paga disso um beijo, um só me dares,
É pouco: mais de dez, mimosa Estela,
Te hão de roubar meus sôfregos desejos..."

Mas o vento o chapéu lhe arroja aos ares:
A ave, liberta assim, voa... e com ela
Lá se foram também todos os beijos...

Raimundo Correia

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Acredito que...

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite'
- Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett"